O que a motivou a fazer parte da APD Braga?
Na realidade tive dois tipos de motivação. Por um lado, a vertente profissional, já que enquanto tirei o curso de fisioterapia não estagiei na área do desporto. Por outro lado, tive vontade de conhecer uma nova realidade com as suas especificidades próprias.
O que acha que já aprendeu com a sua estadia na equipa?
Na equipa tenho que alargar o meu campo de acção para além do mero tratamento muscular, até porque eles têm tido poucas lesões. O meu trabalho aqui também incide muito em trabalhar o psicológico e motivá-los, o que também representa uma mais-valia. No futuro vou ter que trabalhar com pessoas debilitadas fisicamente e, por vezes, com baixos níveis anímicos, pelo que esta experiência pode ser muito enriquecedora.
A APD Braga procura também resultados fora do campo de Basket?
Sem dúvida. Além do desporto, há uma grande componente relacionada com a integração social e inclusão activa das pessoas com deficiência. O convívio com pessoas que têm problemas semelhantes e a inclusão na equipa vão desenvolver as suas competências relacionais favorecendo a sua melhor inserção social. Por exemplo, tenho acompanhado mais de perto alguns atletas que, devido à sua maior incapacidade física não têm condições para praticar a modalidade colectivamente.
Há alguma coisa que a tenha surpreendido nesta experiência?
De facto, fiquei muito surpreendida com a força e o espírito dos atletas. Aliás eles são mais fortes do que muitas pessoas não portadoras de deficiência, provavelmente porque passaram por dificuldades na vida que a maioria das pessoas não passa. Quase todos os atletas manifestam alto grau de independência, em alguns, um grau tão elevado que nem sabia ser possível.
Quais são as maiores dificuldades que estas pessoas enfrentam?
A falta de apoio familiar é um dos maiores problemas de que me apercebi. Este tipo de lesões arrasta consigo, não raras vezes, desânimo e vontade de isolamento. O apoio familiar é extremamente importante para que o indivíduo se sinta capaz de ser um cidadão socialmente activo. E a falta desse apoio leva, de facto, a estados de insegurança e desânimo que têm de ser contrariados